sexta-feira, 2 de março de 2012

FAMÍLIA, FAMÍLIA, PAPAI MAMÃE TITIA...? SERÁ MESMO?

 Vi hoje uma matéria sobre dois homens que tiveram uma filha e ganharam na justiça o direito de registrá-la. Dois pais, nenhuma mãe.

A música do Titãs está ficando bastante desatualizada...

Eu respeito  o desejo que cada pessoa tem de constituir uma família. Também os respeito como pessoas, cidadãos, como gente. Mas em tempos em que a nossa sociedade tem mudado tanto valores, costumes, formas de se relacionar, a gente vem sendo atropelado por um monte de novidades e paramos pouco para pensar no que tem vindo por ai.

Acho importante que cada pessoa realmente pare pra pensar e não apenas saia absorvendo tudo como "novos tempos" ou " tempos modernos" porque a gente tá falando de um mundo onde estamos inseridos e tudo isso nos afeta de alguma forma.

Na família em questão, a criança foi gerada por meio de uma inseminação artifical, utilizando o material cedido por um dos pais, o óvulo de uma mulher desconhecida que o doou de forma voluntária e a barriga utilizada para a gestação de uma parente.
É muito louco isso pra mim, sério.

O que é ter dois pais e nenhuma mãe? O que é não saber de quem é o óvulo que a gerou? O que é ser gerada numa barriga emprestada?
Tentei mesmo pensar nesta criança na escola explicando para seus amiguinhos que na festa do dia das mães ela não teria uma mãe presente, porque ela não tem uma mãe. Não, a mãe não morreu. Ela simplesmente não existe, não se tem notícia.

Também pensei quando ela quisesse saber quem era sua mãe, o que iriam dizer a ela.
O amor que os dois pais dizem sentir por ela vai ser realmente suficiente para que estas questões não gerem angústia nela? Ensiná-la a respeitar as diferenças será suficiente?

A gente está mesmo preparado, como sociedade, para entender este novo tipo de família que começa a ser formada?

Estes novos filhos estão preparados para não terem a figura da mãe ou do pai?

Tenho receio que não. 

Com todo respeito à estas pessoas eu imagino o peso da responsabilidade em trazer uma criança ao mundo privando-a de ter uma mãe e  inserindo-a num contexto aonde ela possa vir a ter sérias dificuldades em termos de convivência com os outros e com estas questões.
 
 Até aonde vai o desejo individual de cada um realizar seu sonho da maternidade/paternidade?

Não há mais limites pra nada?

Cada pessoa adulta é responsável pelos atos, caminhos que escolhe traçar pra si, assumindo também as consequências dos mesmos. Mas quando se envolve um terceiro, e aqui no caso uma criança que não teve chance de escolha, o direito em fazer qualquer coisa pra realizar meus desejos prevalece?

Até onde vai nossos limites? Qual é  hoje o nosso ( pelo menos da maioria) conceito de ética, moral, bom senso? 
Não sei responder.
Me fica a sensação que não existem mais estes conceitos. O limite é o meu desejo e disposição em realizar o que eu quero, como eu quero, e quem não vive e pensa assim é desrespeitoso com  o outro, é preconceituoso.

Nem sei como terminar este texto. Não tenho nenhuma intenção de ser uma voz da verdade aqui, convencer quem quer que seja de nada e muito menos em desrespeitar quem quer que seja.

É apenas uma colocação de quem tem observado as mudanças no mundo em que vive e não sabe ao certo que direção é esta que estamos tomando e aonde chegaremos com tudo isso.






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